A maioria dos professores que participaram da Assembleia Geral Descentralizada convocada pela Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua), votou contrário à adesão à greve nacional. A assembleia é descentralizada porque aconteceu em todos os campi da universidade.
A maioria dos professores do interior votaram favorável à greve, mas Manaus foi o campus que praticamente definiu o placar da greve, garantindo que 65,51% dos votos dos professores da capital fossem na rejeição da greve. No total foram 207 votos contrários e 102 votos favoráveis, ou seja, apenas 32,28% votaram pela adesão, restando 7 votos em abstenções, o que equivale a 2,21%.
No interior, somente no campus de Humaitá o placar foi favorável à greve, na qual todos os 27 presentes votaram a favor, porém esse número influenciou na vitória do movimento grevista no interior. Por outro lado, todos os 11 professores que participaram da reunião no campus de Benjamin Constant votaram contra a greve. Nos demais campi, a votação foi mais equilibrada. Em Parintins, o resultado ficou em 12 votos contra a greve, 11 a favor e 02 abstenções; em Coari a votação foi de 4 votos a favor, 6 contrários e 1 abstenção. No ICET/Itacoatiara, o resultado foi de 11 favoráveis, 15 contrários e nenhuma abstenção.
Considerando somente o interior, 53% votaram a favor, 44% contra e 3% se abstiveram. No total, capital e interior, 251 professores votaram contrários (60,34%), 155 votos favoráveis (37,26%) e 10 abstenções (2,40%).
A Assembleia em Manaus aconteceu no auditório Rio Amazonas, localizado na Faculdade de Estudos Sociais (FES), e contou com a participação de diversos estudantes que assistiram a reunião, tendo o espaço ficado todo lotado, mas não houve maiores problemas. Em Humaitá também houve ampla participação dos discentes.
De acordo com a fala dos professores que se manifestaram contrários à greve em Manaus, o principal motivo para rejeitarem a greve é o atraso no calendário acadêmico, que se deu em consequência da suspensão na época da pandemia. Por outro lado, há os setores que votaram contrário porque a greve não é conveniente para os grupos da base do governo federal, bem como para aqueles movimentos que são ideologicamente contrários à greve.
Já os professores do campus Manaus que se manifestaram pela greve, pontuaram a precarização do trabalho docente nos últimos anos, bem como a precarização dos espaços físicos de sala de aula e laboratórios, além da falta de reajuste salarial. Para eles se trata de uma estratégia de luta por mais orçamento para as universidades, que vem sendo reduzidos a cada ano.
A Adua convocou as reuniões considerando que aproximadamente 50 instituições já aderiram à greve iniciada no dia 15 de abril. Entre as reivindicações dos grevistas estão a reestruturação da carreira, mais orçamento para as instituições, o reajuste salarial da categoria e a revogação de medidas do governo Bolsonaro, que, na visão deles, afeta a educação.
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